terça-feira, 18 de outubro de 2011

(continuação) A vida do Poeta.


Em sua obra, o poeta expressa, com intensa angústia, a constante oposição entre matéria e espírito, da qual resulta a sensação de pecado. A existência terrena configura-se para ele como o caos, o abismo. Procura no misticismo a solução para esse embate. Esta é a visão de mundo predominante em O caminho para a distância.

Cinco elegias é a obra que marca a transição definitiva do misticismo para a realidade do dia-a-dia, nova fonte de inspiração de Vinícius. O mundo circundante oferece agora ao poeta não só a temática, mas a possibilidade de superação dos conflitos da primeira etapa de sua poesia. É o que se observa em Poemas, sonetos e baladas.
A linguagem se modifica, tornando-se mais coloquial, direta, ao mesmo tempo, o poeta recupera a linguagem clássica nos sonetos, considerados em conjunto como a melhor parte de sua poesia.

Soneto de fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


Na trajetória de Vinícius, a linguagem grandiloqüente dos primeiros poemas vai aos poucos cedendo lugar à expressão mais acessível, mais próxima do cotidiano, mais comunicativa. Adicione-se a isso a inclinação musical do poeta e o resultado é previsível: a música popular torna-se o veículo de comunicação privilegiado. Primeiro, a bossa-nova inicial com letras intimistas e de "fossa". Depois, os afro-sambas - resultantes da parceria com Baden Powell - recuperando raízes culturais do Brasil. Finalmente, as múltiplas parcerias e variedades de temas.

Obras

Poesia: O caminho para a distância (1933); Forma e exegese (1935); Ariana, a mulher (1936); Novos poemas (1938); Cinco elegias (1943); Poemas, sonetos e baladas (1946); Livro de sonetos (1957); Novos poemas II (1959); O mergulhador (1965); A arca de Noé (1970).

Prosa: O amor dos homens (1960); Para viver um grande amor (1962) e Para uma menina com uma flor (1966) - crônicas.

Teatro: Orfeu da Conceição (1955); Pobre menina rica (1962) - em parceria com Carlos Lyra.


Para o vestibular fique ligado em: Antologia poética (com base na 2ª ed. aumentada) – Vinícius de Moraes.



*Adaptado de http://www.culturabrasil.org/*

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